Escovando os Dentes

Minha dentista, além de ser esteticamente muito apreciável, conseguiu me convencer a gastar alguns minutos escovando meus sofridos dentes. Costumo executar este ritual lendo alguma coisa, e, algumas vezes, acabo sentando na cama da minha mãe, e vendo um pouco de televisão.

A cena, desta vez, era com a Helena Ranaldi e o marido dela, que deve ter fugido de algum Supercine com duas raquetes de tênis. Eles trocam algumas palavras, obviamente absurdas, e a personagem de Ranaldi acaba levando uma surra, igualmente absurda, no vestiário feminino. Quem espancaria uma mulher com raquetes de tênis? Este povo roteirista de novela não faz laboratório com malandros espancadores de mulher? Termina o capítulo.

O que eu gosto nesta novela das oito é o contraste entre o mundinho perfeito e riquinho, e toda sorte de trama sórdida que rola entre os personagens externamente perfeitinhos. Essa dicotomia me assombra, e gruda um sorvete na testa de cada um dos pretensos atores.

Começa a Tela Quente, e o nível está baixo, minha gente, muito baixo. O filme, Mensageiro da Rainha, é tão ruim que não passaria no teste de seleção para o horário do Força Total na BAND. Simplesmente pavoroso.

Todavia, existe redenção, e justo de onde menos se esperava, contrariando o Barão de Itararé; vi uma propaganda bem legal, e era da RBS, conhecida pela tosquice inominável de seus esforços no intervalo dos programas.

Trata-se de uma campanha para evitar maus tratos contra crianças. Estrelam diversos monstros do folclore brasileiro, com seus respectivos filhos. A animação é bem esperta e bonita, e é impossível não dar boas gargalhadas com a mula sem cabeça, que carrega a cabeça embaixo de um braço, e seu filhote embaixo do outro.

Mas são tão raros estes momentos.