A boneca Barbie é um ícone da sociedade de consumo, e propaga um modelo físico caucasiano extrapolado que impacta diariamente na vida de boa parte das meninas do planeta Terra. Caso seus criadores fossem julgados, poderiam ser acusados de incitação à anorexia, apologia à supremacia racial, pregação de modo fútil de vida, entre dezenas de outros crimes que constam apenas do meu código civil pessoal.
Dado seu currículo, a Barbie e seus criadores já poderiam se aposentar com honras e confetes jogados pela turminha do Milton Friedman e por outros monstros do capitalismo insensível. Mas a gente sempre pode inovar, certo?
Recebi uma mensagem eletrônica de uma grande loja de brinquedos hoje, e já ia apagando, quando um detalhe me chamou a atenção: uma linha de bonecas Barbie que conta com umas “princesas do oceano”, as quais teriam a missão de limpar o fundo do mar.
Este é o momento em que eu peço para o mundo parar, e desço. O que é a Barbie, na prática? Plástico. Em que a Barbie é embalada? Mais um monte de plástico. Como a Barbie é trazida da China para os países onde ela é consumida? Num navio que queima o combustível mais podre da forma mais ineficiente e poluidora, pois não há legislação ambiental sobre águas internacionais. O plástico, por sua vez, tem formado concentrações monstruosas no Pacífico, além de causar danos localizados à fauna, como sufocamento de tartarugas.
O nível de hipocrisia e cara-de-pau é similar ao da Coca-Cola se colocando como um produto promotor da saúde. Naomi Klein, onde estás quando precisamos de você?