Amartya Sen: Desenvolvimento como Liberdade

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O projeto de idiotização da população brasileira, que chega a uma definição clara com a instauração de uma teocracia movida a patetices truculentas sobre um cerne de neoliberalismo defasado, está nas ruas, clama pela atenção do brasileiro no primeiro executivo movido a redes sociais. Eleitores escolheram um incapaz baseados em mentiras e em sua própria incapacidade de interpretar textos e ideias, o que fica claro pela aclamação de projetos simplistas como o de Guedes, e, antes dele, de Amoêdo. Aceitar que não se entende lhufas de economia, eis um bom começo. Em seguida, ler Amartya Sen. Continuar lendo

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Competição

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Eu sou competitivo. Eu não consigo especificar em que momento percebi este viés da minha personalidade assim como não sei dizer se percebi tal viés primeiro em mim ou se o observei antes em outra pessoa, e nem se esta pessoa era adulta ou mesmo se era uma pessoa. Talvez as rochas compitam entre si ou com outras classes, mas isto ocorra no tempo das rochas e seu sentido nos escape de forma absoluta. Talvez “rochas” seja uma classificação dos humanos e isso nos leva ao primeiro ponto de vista sobre o cerne do que é competição. Continuar lendo

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Emmanuel Carrère: Eu Estou Vivo e Vocês Estão Mortos

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Os bastidores de uma obra admirada geram um irresistível magnetismo, que se alastra por sobre a pessoa criadora de tal obra. O amor a um livro pode ser tão intenso que nos lance em aventuras decepcionantes. É o caso de Philip K. Dick. A Scanner Darkly, ironicamente, é o livro onde se vê Dick mais face a face, como na citação de São Paulo. Que era Saulo. Dick, quem diria, era extremamente religioso à sua maneira. Que não era assim uma maneira tão diferente. Sejamos honestos: Dick era um baita de um carola. Como conciliar este carola a uma obra que é disruptiva? É mais simples do que parece. Continuar lendo

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A Tradição do Circo

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Circos já foram piores

Tarde de domingo, a trilha sonora pomposa anuncia a chegada do mágico. O circo privilegia a imagem deste homem, aparentemente já passado de seus cinquenta anos, mas ainda portador de um sorriso imponente, cujo modelo se replica no rosto dos artistas mais engajados. O discurso do mágico é um tanto engessado; num primeiro momento credito a dificuldade ao português não ser o idioma nativo do cara, convicção que evapora breve. Ele executa alguns números, mostra que é competente, conhece as técnicas, apesar do discurso enferrujado. Chama um menino da plateia. A demanda por “um menino”, e não por “uma criança”, me põe em alerta. O menino aparece. O mágico pergunta o nome, o menino responde. O mágico propõe:

– Feche os olhos e imagine duas coisas que você deseja muito. Continuar lendo

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Isabel Allende: La Casa de Los Espíritus

allendecasaEu tenho dificuldade em dissociar A Casa dos Espíritos da adaptação cinematográfica feita nos anos noventa, que conta com um elenco estelar, dentre os quais não consigo dissociar a figura de Esteban Trueba da versão interpretada por Jeremy Irons. Mesmo sem ter visto o filme. O livro me caiu nas mãos em uma visita fortuita ao sebo Elemental, melhor casa do gênero em Florianópolis. Trata-se de uma edição escolar feita na Espanha, contendo um generoso calhamaço de releituras e exercícios para avaliação da interpretação. Continuar lendo

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Yuval Noah Harari: Homo Deus

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Seguir as linhas de raciocínio de Yuval Noah Harari é uma experiência desafiadora e repleta de recompensas, o que não impede que o percurso dessas ideias seja perturbador. Seu Sapiens foi um dos livros mais rápidos que devorei nos últimos tempos, e Homo Deus não ficou muito atrás. Harari analisa o ponto onde chegamos e propõe alguns cenários para onde poderíamos nos encaminhar. Fome, guerra e morte logo não serão problemas, pelo menos para os ricos. Seres vivos não passam de algoritmos bioquímicos. O conceito de mente pode estar à beira de ser desconsiderado e talvez consciência não seja tão relevante quanto inteligência; se este for o caso, os seres humanos se tornarão obsoletos em algumas décadas e podemos estar inseridos em universos do estilo Matrix mais cedo do que imaginamos, abraçados aos animais que tão cruelmente viemos escravizando desde o início da revolução agrícola. Continuar lendo

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Marguerite Duras: O Deslumbramento

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Lol V. Stein poderia ser uma Manic Pixie Dream Girl muito antes de seu tempo, embora seu arquétipo possa ser capturado bem antes, no cinema francês. O que não deixa de fazer sentido cronológico e geográfico. Minha experiência anterior com Duras é a adaptação cinematográfica de O Amante, que, casualmente, possui uma personagem avoada em moldes similares aos desta senhorita Stein. Continuar lendo

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A Morte é um Dia

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Ocorreu no intervalo entre os meus vinte e cinco e trinta anos. Ou talvez antes. A ficha caiu no meu colo. De repente eu percebia, em um único súbito momento de iluminação, que feneceria minha energia em algum trecho da caminhada. Defini uma data limite de capacidade funcional do corpo que propicia esta ilusão de consciência que vos escreve, sessenta anos. Continuar lendo

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Jorge Luis Borges: O Livro dos Seres Imaginários

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O curioso dos seres imaginários é que eles foram imaginados por alguém. Continuar lendo

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Richard Dawkins: Deus, Um Delírio

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– Quanto tempo você leva para ler um livro desses? – A voz ao meu lado me surpreende.

A tarde mostra sinais de preguiça enquanto caminha para um de dia de nuvens confusas. Estou dentro de um ônibus a caminho do fisioterapeuta. Remoo-me internamente por ter perdido um ônibus mais conveniente, um resmungo que se sobrepõe ao de não estar pedalando minha Sula; ela está na revisão faz uma semana. Apesar de tanto combustível para a rabugice, estou tranquilo e olho para minha interlocutora. Mulher, usa óculos, provavelmente da mesma idade que eu, um tanto ansiosa, deduzo pela forma atrapalhada com que coloca as palavras. Respondo algo sobre estar lendo este exemplar desde a semana passada. Ela engata a tréplica sem respirar, Continuar lendo

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