Arquivo da tag: cotidiano filtrado

Ficção No. 59

Se a mão dela descia sobre a sua, já não o sobressaltava como nos primórdios da mansa amizade que havia entre os dois. Ele não poderia ter certeza sobre o que a fazia repetir atos inocentes de coqueteria. Num passado … Continuar lendo

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Ficção No. 58

Vaga pela praia por motivos que não ousa confessar. Esquadrinha a areia pálida entremeada de pontas negras de folhas que ali vieram se perder. Ao retornar desta distração monocromática, detém o olhar sobre seu próprio antebraço para descobrir, frio na … Continuar lendo

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Ficção No. 57

Os primeiros degraus são simples. Os olhos estão fechados, mas este caminho já foi percorrido inúmeras vezes. Descalço, consegue reconhecer até mesmo as texturas de cada piso frouxamente personalizado por um expediente pseudo-aleatório em uma fábrica anônima. Conhece o número … Continuar lendo

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Ficção No. 54

Ela desistiu. Antes de ter visto que era longe demais. Antes de ouvir que era forte de menos. Antes de se escorar na parede do túnel que ela já vira. Antes de se incomodar com os pernilongos.

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Ficção No. 53

Levantou os olhos para ela, que olhava por cima do edredon, entretida, aparentemente, com as formas abstratas das finas camadas de sujeira na janela. Ele ensaiou: – Eram vários. – O quê? Repetiu com uma incisão que o pressentia grosseiro: … Continuar lendo

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Ficção No. 52

“Não aconselho que te amofines, caro colega. Já faz tanto tempo que estamos aqui, somos quase amigos – pigarreou em “amigos”, não saberia dizer se foi antes ou depois de pronunciar a palavra – e não creio que aquelas nuvens … Continuar lendo

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Ficção No. 51

Porta lenta. Muito lenta. A porta do prédio demora uma contida eternidade até que eu ouça a batida inicial no quadro, e o subseqüente pigarro metálico da fechadura encaixando-se. Libero-me para caminhar. Até uma nova padaria. Nada contra esta aqui … Continuar lendo

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Ficção No. 43

O pedal do freio desceu num movimento automático do pé, indo parar no conforto seguro e aveludado dos fluidos do sistema hidráulico. Os olhos puseram-se, ato involuntário, a prescrutar as redondezas, sem parar ou focar. O som repetia um refrão … Continuar lendo

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Inveja

Dos pecados capitais, o que mais lembro é a Inveja. Como diz um camarada meu, diante de uma pessoa que faz algo que ele gostaria de estar fazendo, “está vendo aqui na minha testa, este post-it, escrito inveja?”. Pois então, mordo-me … Continuar lendo

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Ficção No. 31

  Medo ela sentiu quando sua mãe foi embora sem levar o carrinho; depois disso, nunca mais. Sentada, ela observou os cabelos balançando-se na cadência de passos quase decididos. Sem entender. Sem lembrar. Ninguém poderia contar esta história dela. Apesar … Continuar lendo

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