17.10.2004: Vanessa da Mata no TAC

Ela é bonita. De verdade. E alta, diabos, mais alta do que qualquer um dos cinco caras da banda, mesmo descalça. Aliás, uma das coisas que mais gosto na Sade Adu é o lance de ela cantar descalça. Meu senso estético-musical para as cucuias com garotas bonitas, como eu já disse hoje.

E a voz, que voz. Ao vivo, tu acabas dando todo o desconto do mundo para certas bobagens que ela canta nas letras dela mesma, pois ela entoa com uma vontade e com um poder, e tudo fica bonito.

O repertório, por sinal, deixa a desejar. Certas canções boas do primeiro disco ficaram fora, e fizeram falta, pelo menos para mim. Não sei se a banda não tinha ensaiado direito, mas Bem da Vida e Alegria tinham de ter sido tocadas, e também Carta, linda, não podia ficar apenas no CD.

Comprei o segundo CD, que ainda não ouvi. Pelo tom das músicas dele que foram apresentadas no show, a direção dela é diferente da que eu havia imaginado, e é também a mais plausível em se tratando de mercado brasileiro. Uma pena. A impressão que passa é de Vanessa estar buscando um lugar mais visível no panteão da MPB, e fazendo as concessões necessárias para isso.

Mas, o show, então. A platéia não é muito interessante de se observar. Adultos em geral, gente estabelecida, pouca gente estranha, poucas ripongas, alguns gays, muitos casais. Aliás, isso é terrível! O lugar cheio de meninas interessantes, e onde este pé-frio aqui acaba sentando? Exatamente entre dois casais! Os aplausos refletem o tipo de platéia, mais fortes em Não me Deixe Só, na primeira vez e no repeteco também. No mais, pessoas educadas e civilizadas, talvez até um pouco comportadas demais. Mas, vou dizer, era show para se assistir em uma casa noturna, com espaço para dançar.

A banda é redonda e concisa, o que lembra também a trupe da Sade. Vanessa arrisca-se com uma guitarra em certa altura. Simpática, ela recusa o instrumento algumas vezes, até que atende aos apelos do público, e vai puxando um Ré, um Sol, e acho que fechava em Dó, se não me engano. Mas o melhor ainda é vê-la dançando, brincando, rodando o pé como o Didi dos velhos tempos dos Trapalhões. O figurino é bonito e eficiente, dando volume aos movimentos dela.

Eu acabei lembrando de uma entrevista do Dave Gahan. Ele dizia que, apesar de certas preocupações sociais, o Depeche Mode fazia um show para que você voltasse para casa louco para transar com sua namorada. O show da Vanessa é parecido neste quesito; você pode observar os casais de mãos dadas, e os solteiros abraçando a poltrona vazia ao lado, procurando pelas outras fileiras, e sorrindo, apesar de estarem sozinhos. No corredor, na saída do show, todos estão sorrindo, e você sabe que a segunda-feira de todo mundo vai ser mais gostosa depois de vê-la.

Ah, achei o TAC meio vazio. Tudo bem que era domingo, mas era cedo, então não vejo razão para não estar muito cheio. E depois reclamam que não recebemos visitas de atrações musicais em Florianópolis.

Querendo saber mais, acesse o site menina-moça da meninona.

Sobre gilvas

Pedante e decadente, ao seu dispor.
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3 respostas para 17.10.2004: Vanessa da Mata no TAC

  1. mari disse:

    Vc deve ter adorado 🙂

  2. Max disse:

    Civilização, civilização… Aproveite todos estes shows por mim. Aqui do meio do nada, raramente isso é possível: Assistir a algo que preste, com um público bonito e civilizado (ou que pelo menos saiba aplaudir, nem que seja por educação)e um lugar decente. Foi-se minha época de Margs, Teatro São Pedro, Teatro do Sesi, Reitoria e o escambau. Anyway…
    Mas e aí? Foi pra casa transar com a patroa?

  3. Carol Doria disse:

    Essa mulher é linda demais…

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