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Toshiro Mifune é uma figuraça. O cara tem as manhas de ficar o filme inteiro com o cenho franzido, fazendo uma de malvado-que-não-entende-o-que-está-acontecendo. O problema é que ele se meteu em um filme baseado em uma tragédia de Shakespeare, e quando o famoso inglês entra na parada, é melhor se preparar, pois qualquer personagem está exposto à s agruras mais vis e absurdas. No caso do Mifune, ele encontra o espÃrito-da-floresta-mais-sacana-de-que-se-tem-notÃcia, e desencadeia, com a ajuda da jararaca lambisgóia com quem se casou, uma seqüência de eventos desastrosos.
A realização de Kurosawa é muito boa, e cheia de idéias excelentes, mas estávamos em 1957, e não era Hollywood. Em outras palavras, os efeitos são de uma tosqueira constrangedora, resultando em um filme da escola épicos-com-sérias-restrições-orçamentárias. As passagens com névoa acabam sendo uma boa sacada, puxando para baixo o ponteiro do Toscômetro, e devo bater palmas para a cena das árvores fugindo do bosque. Jogo duro, porém, são as flechas, e ainda mais, a flecha atravessada no pescoço. Quase dei razão às gargalhadas da patuléia de terça-feira. O final ficou meio estranho, e ficou parecendo truncado.
Sobre a patuléia ainda, a saÃda do filme foi assustadora. Havia um povo esperando para ver um show de música americana (sic), uma daquelas superproduções que só o CIC pode nos dar, e, diabos, que pessoas assustadoras. Eles poderiam ser classificados em duas fileiras: Cafonas e Cafonas Antilopescos. Vi homens, no sentido biológico, com cabelinho caÃdo para o lado, e calça enterrada na bunda gorda, sem o menor pudor, e isso foi apenas o começo. Antes que a coisa piorasse, mantive apenas “o começo”, e corri para o terminal de ônibus.