Oláfur

olafur

Eu tenho um caso de amor pela música de Oláfur Arnalds. Eu não penso que ele seja sofisticado. Em alguns momentos chego a desconfiar que ele seja uma atualização de certas canções de supermercado. Pensamento que afasto em seguida. Aprendi que sentir é mais importante do que declarar. A música que ouço ainda é uma declaração do que sou; a diferença é que agora eu não preciso provar nada.

A música dele é introspectiva e tímida mesmo quando voa em espirais de euforia. Ou talvez seja apenas eu quem enxerga euforia no que podem ser apenas inflexões contidas de melancolia. Como saber? Com meu coração. Em meu coração ele soa verdadeiro, principalmente quando eu estou me sentindo íntegro e verdadeiro. Como saber? Com meu coração, que se enche de alegria quando os auto falantes falam com as cordas e os pianos de Oláfur Arnalds.

Parece que eu o reencontro sempre que preciso. Com ele passo por pontes em chamas, por caminhos desolados, por selvas ameaçadoras, eu passo confiante de que eu estarei em algum lugar como estou agora, inteiro e forte. A minha natureza é de reflexão e interior, e a música desse islandês o irmana comigo, eu me sinto aceito por mim. Tenho asas nos pés e um coração que transborda de luz.

De nada vale caminhar por uma vale de encantos e delícias se meu coração está morto para mim mesmo. Agora que tudo está se encaixando, essa música encontra caminhos por dentro de mim, se encontra com minha própria vontade de estar em mim e no mundo. Escuto os sons de sentir-me confiante de que tudo é possível e de que tudo é, enfim, tão pouco e tão pequeno, mas tão adequado a nós, filhotes ínfimos da poeira finíssima das estrelas que, gigantes, ainda assim são meros pontos de vida finita num universo que nos escapa quase por completo.

Sobre gilvas

Pedante e decadente, ao seu dispor.
Esse post foi publicado em Música, Uncategorized. Bookmark o link permanente.

Uma resposta para Oláfur

  1. Mario Tessari disse:

    Descrição bem detalhada das sensações produzidas pelas melodias; fácil de compreender os sentimentos do ouvinte.
    “A música que ouço ainda é uma declaração do que sou.”
    “De nada vale caminhar por um vale de encantos e delícias se meu coração está morto para mim mesmo.”

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.